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Marcha FICCC 2019 inicia em Jaguarão

A ciência diz que o tempo é algo relativo e que depende do ponto de vista de quem se submete à experiência. Quando o assunto é a Marcha da Federação Internacional de Criadores de Cavalos Crioulos (FICCC), o tempo não é o condicional.

Durante os 15 dias de prova, 16 animais brasileiros e 9 uruguaios percorrerão 750 quilômetros na cidade de Jaguarão (RS). Três anos após a última edição em terras argentinas, os Crioulos iniciaram o trajeto na manhã desse sábado, 22 de junho e o finalizam no dia 6 de julho, encerrando a programação da ExpoFICCC 2018.

O regulamento da Marcha apresenta os minutos limites para que o trajeto seja percorrido. Porém, nas etapas em que a prova é de cumprimento livre, é ele, o astro tempo, que fará toda a diferença. De alguma forma, o pensamento daquele que leva o nome do evento se encontra com o do criador da relatividade. Luis Carlos Cassal de Albuquerque é Crioulista há 50 anos e um dos maiores incentivadores da Marcha. Em seu discurso antes do início da prova, ele ponderou sobre o relógio. “A Marcha é uma prova quase objetiva, onde a subjetividade desaparece com o tempo de prova. As troteadas se vão com o tempo e os caráteres fixados de resistência e recuperação não podem ser abandonados”, disse.

Marcha FICCC - Crédito Everton Souza Marita ABCCC
Marcha FICCC – Crédito Everton Souza Marita ABCCC

Um dos pilares de sustentação da raça, a Marcha recebe acompanhamento rígido da comissão responsável pela saúde dos animais. A equipe veterinária se divide em automóveis, ocupando espaços no percurso. Cada profissional possui seu kit de medicações, caso haja necessidade de algum atendimento. Para a veterinária Rafaela Jacques, a Marcha é uma prova de estratégia e de sentir o cavalo. “São 15 dias, então isso forma um conjunto. Ginete e cavalo aprendem muita coisa juntos”, acredita. Ela complementa que na Marcha é possível ver o cavalo nu e cru, correndo, se doando com a alma e o coração.

O presidente do Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos de Jaguarão, Guilherme Guimarães, entende que a cidade oferece um ótimo cenário para as necessidades da prova. Por conta de sua localização geográfica – uma cidade de fronteira – os estrangeiros aderem à prova com mais facilidade. A planície do terreno também contribui para uma boa corrida. “Nosso costume, nossa referência marcheira, também é um diferencial. Temos uma cultura muito forte, que vem de outras gerações”.

O regulamento da prova internacional se diferencia já na concentração, quando comparado à Marcha brasileira. Nela, os animais permanecem por 20 dias sob alimentação igualitária à base de água e suplementos – enquanto a nacional reserva dez dias a mais nesta etapa. Além disso, a FICCC possui tempos menores para percorrer as distâncias e, por essa razão, oferece um dia de descanso aos animais.

Foto: Everton Souza Marita/ABCCC/Divulgação
Texto: Juliana da Rosa/ABCCC

 

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